Tuesday, November 29, 2005

20.

as minhas fraquezas são as minhas forças.


se não fosse asmático, não fazia um esforço para respirar.

Tuesday, November 22, 2005

18.

sensação costumeira. um querer abandonar tudo. deixar tudo para trás.

não tenho quem abandonar. nem o quê. continuaria a ser eu.

posso deixar de o ser?

Monday, November 21, 2005

17.

um dia bom. senti alguma coisa.

dor...


maldito caco. tenho de ter mais atenção aos cinzeiros

Friday, November 18, 2005

15.

quando dei conta, dormia com a cabeça apoiada no teclado. acordei com um toque do messenger. finalmente alguém queria falar comigo.

porra.


até no messenger... era engano. é o que dá ter um nick igual ao do amigo, a ver se alguém me diz bom dia.

Wednesday, November 16, 2005

12. (rituais de segunda-feira)

Após comprar a national geographic (reconheço que apenas o faço por hábito), pouso a chave de casa na cesta oferecida pela minha mãe, pousada na mesinha da entrada. deito-me no sofá, descalço-me. Ritual de segunda-feira.
Não ligo a TV nem ponho música. Fico com o silêncio, para ruído chega o que vai dentro de mim. Não olho para a revista nem a folheio, fica apenas ali, no centro da salinha, entre o comando e o cinzeiro. Vão-se acumulando algumas, que depois mudo para o parapeito da janela, só para ver as folhas amarelecerem. As fotografias amarelecidas dão-me um falso conforto de uma saudade que não existe.
O jantar fica para depois.

Repito incessavelmente a mesma frase, que me atormenta desde que foste ter com Deus. (eu não estou só. eu não estou só. eu não estou só. eu não estou só.)

Eu não estou só. Mas sinto-me completamente oco. Transformei-me em súbito vento polar.

Monday, November 14, 2005

10.

dormia. entretanto, a minha alma pediu-me licença para sair. tinha de ir comprar cigarros.

escusado será dizer que nunca mais voltou.

Saturday, November 12, 2005

8.

tenho de me confessar:

confesso que criei um espaço imaginário, onde as ruas em que me perco são apenas minhas. em que os meus sentidos são novamente propriedade minha, não meros estilhaços de bombas artesanais, criados com pequenas gotas de suor.

imagino todas as noites que afinal até tenho sonhos. no dia seguinte, deito-os fora num papel amarrotado. e volto a criar novos sonhos, assim que o dia alvorece.

confesso que passo o tempo a enganar o tempo e a fingir que tenho uma vida.

Friday, November 11, 2005

6.

A insónia dá cabo de mim: transforma-me num ser absolutamente inerte; tira-me anos de vida. O que não é necessariamente mau...

[zzzzzzzzzz]


durante o dia durmo no gabinete, o que também não é necessariamete mau, sempre me entretenho com alguma coisa.

Thursday, November 10, 2005

5.

detesto o meu emprego. é o que se chama um emprego deprimente. fico enfiado no gabinete, completamente sozinho, sem falar com ninguém. faço contas à vida dos outros. mas o pior do meu emprego, é que uma vez que trabalho por conta própria, não me consigo despedir.

3.

É mau ter esperança. Criam-se expectativas, iludimo-nos com o futuro, esquecemo-nos constantemente de nos sentir. Esquecemo-nos que existimos. Depois, acabamos irremediavelmente a lembrarmo-nos de viver da pior forma: quando já não conseguimos mais encarar o espelho, o trabalho, os amigos, a família. E perdemos tudo.

Dizem que a partir desse momento, somos uma nova "tábua rasa", mas acreditem que não é assim. Somos meramente vazios, sem capacidade de reagir ao menor estímulo. Ou melhor, reagimos apaticamente a qualquer um.

Já perdi a capacidade de reagir. Irremediavelmente. A partir de agora sou novo, estando velho., alimento a minha esperança não tendo nenhuma. Já vi o meu futuro quando olhei para trás. É uma linha estreita e coerente, sempre igual. Sei sempre com o que posso contar: com uma vazio que transborda os limites do meu corpo cansado.

Wednesday, November 09, 2005

1.

quando achares que estás no fundo... mesmo no fundo...

olha para baixo, pois podes ficar sem pés.