Wednesday, January 09, 2008

.49 (sunglasses)

após o roubo, andei três longos meses a conduzir de olhos fechados, com os raios de luz constantemente à minha frente.

após três longos meses, decidi comprar uns.

escusado será dizer que desde então, chove copiosamente.

Tuesday, February 06, 2007

48.

perante a perspectiva do desemprego, ainda nem sei se o que me assusta é a falta de um ou ter de procurar outro.

sempre é uma forma de fazer férias prolongadas.

Thursday, November 16, 2006

.46

por muito que me force a tornar-me um ser social, dou por mim a correr para a cave e fechar-me lá a sete chaves.

não que seja anti-social,

apenas não gosto lá muito de pessoas.

Monday, October 02, 2006

.45 (PERMUTA)

TROCA-SE:

dois dedos de testa por 5 cm de pila.





(em vez de desperdiçar inteligência, torno-me actor porno)

Wednesday, September 06, 2006

43. (change)

passei o último ano a mudar tudo que me rodeava...




afinal quem tinha de mudar era eu.

Thursday, May 25, 2006

42. (itch)

saber coçar é uma arte.


depois destas duas semanas, serei concerteza elevado a grão-coça desta mui nobre loja maçónica.


não há tomates que aguentem...

Monday, May 22, 2006

41. (coisa nenhuma)

a arte de saber estar no vazio é algo apenas atingível pelo verdadeiro génio.










descobri que a minha vocação é fazer coisa nenhuma.

Wednesday, May 17, 2006

40. (do despedimento)

trabalhei um mês da minha vida a fazer uma coisa que detestava. pior que o fazer, foi não conseguir que me despedissem.



passados 9 anos, a história repete-se. envio uma carta de demissão e parece que ninguém a leu...

Wednesday, March 29, 2006

36.

estou em branco.



cérebro, olhos, pernas. tudo ficou branco.

memórias em branco, esperanças em branco. tudo branco.




(apenas os dentes permanecem amarelos)

Monday, March 20, 2006

35. (feriados)

não me basta dizer que detesto a segunda feira.

odeio qualquer dia útil. principalmente quando me sinto um perfeito inútil.

Friday, March 10, 2006

33. (do cansaço)

o cérebro implode, a esperança explode, a vida continua e eu parei.




não mata, mas desmoraliza.

Tuesday, January 24, 2006

30.

já me disseram algumas vezes que tenho de aprender a estar só. que tenho de ser a minha melhor companhia.



mas há sempre o provérbio "antes só que mal acompanhado".

Thursday, January 12, 2006

29. | antwerpen |






























(saltei a parte que falava de amor)    

Monday, January 02, 2006

27. (doismileseis)

o que faz um ano? deveria sentir-me novo no dia 1?



não me sinto. nem novo nem velho, nem anos frescos ou queimados, apenas tenho mais uma dia de sobrecarga nas costas, menos um que terei amanhã. independentemente de serem 365 ou mais.


são dias, senhores, são dias.

Thursday, December 22, 2005

.25 (natal)

natal. não sei nem quero saber que raio é o natal. já nem memórias dos natais felizes e despreocupados tenho. agora só tenho de esperar que passe, já não suporto ter de fazer sorrisos amarelecidos (é do cigarro...) e desejar bom natal.




amanhã, vou desfazer o meu pinheiro.

Friday, December 09, 2005

24. (mamã)

um dos maiores dissabores de viver sozinho aos 33 anos, é que, uma vez que não temos quem "trate de nós", temos a mãezinha a telefonar todos os dias, para saber o que comemos, o que mijamos, o que cagamos, se limpamos... não quero tratar mal a velhota, mas há dias que o toque de telemóvel transtorna-me. também por ser a única pessoa a ligar. resta-me o conforto do silencio, no fim do telefonema.





(hoje comi arroz de cenoura com bifinhos com cogumelos.)

Tuesday, December 06, 2005

23.

há dias em que até acordo com vontade. de mudar qualquer coisa, de ver o que se passa comigo, com uma esperança de expurgar os meus pesadelos.


o que vale é que essa vontade passa depressa. e volto de novo a ser eu.

ou não... porque às vezes sinto a memória diluída e já nem sei se o Eu de hoje é o Eu de sempre.

Tuesday, November 29, 2005

20.

as minhas fraquezas são as minhas forças.


se não fosse asmático, não fazia um esforço para respirar.

Tuesday, November 22, 2005

18.

sensação costumeira. um querer abandonar tudo. deixar tudo para trás.

não tenho quem abandonar. nem o quê. continuaria a ser eu.

posso deixar de o ser?

Monday, November 21, 2005

17.

um dia bom. senti alguma coisa.

dor...


maldito caco. tenho de ter mais atenção aos cinzeiros

Friday, November 18, 2005

15.

quando dei conta, dormia com a cabeça apoiada no teclado. acordei com um toque do messenger. finalmente alguém queria falar comigo.

porra.


até no messenger... era engano. é o que dá ter um nick igual ao do amigo, a ver se alguém me diz bom dia.

Wednesday, November 16, 2005

12. (rituais de segunda-feira)

Após comprar a national geographic (reconheço que apenas o faço por hábito), pouso a chave de casa na cesta oferecida pela minha mãe, pousada na mesinha da entrada. deito-me no sofá, descalço-me. Ritual de segunda-feira.
Não ligo a TV nem ponho música. Fico com o silêncio, para ruído chega o que vai dentro de mim. Não olho para a revista nem a folheio, fica apenas ali, no centro da salinha, entre o comando e o cinzeiro. Vão-se acumulando algumas, que depois mudo para o parapeito da janela, só para ver as folhas amarelecerem. As fotografias amarelecidas dão-me um falso conforto de uma saudade que não existe.
O jantar fica para depois.

Repito incessavelmente a mesma frase, que me atormenta desde que foste ter com Deus. (eu não estou só. eu não estou só. eu não estou só. eu não estou só.)

Eu não estou só. Mas sinto-me completamente oco. Transformei-me em súbito vento polar.

Monday, November 14, 2005

10.

dormia. entretanto, a minha alma pediu-me licença para sair. tinha de ir comprar cigarros.

escusado será dizer que nunca mais voltou.

Saturday, November 12, 2005

8.

tenho de me confessar:

confesso que criei um espaço imaginário, onde as ruas em que me perco são apenas minhas. em que os meus sentidos são novamente propriedade minha, não meros estilhaços de bombas artesanais, criados com pequenas gotas de suor.

imagino todas as noites que afinal até tenho sonhos. no dia seguinte, deito-os fora num papel amarrotado. e volto a criar novos sonhos, assim que o dia alvorece.

confesso que passo o tempo a enganar o tempo e a fingir que tenho uma vida.

Friday, November 11, 2005

6.

A insónia dá cabo de mim: transforma-me num ser absolutamente inerte; tira-me anos de vida. O que não é necessariamente mau...

[zzzzzzzzzz]


durante o dia durmo no gabinete, o que também não é necessariamete mau, sempre me entretenho com alguma coisa.